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  • Arte Urbana: mural de Salgueiro Maia na Avenida de Berna renovado

    Arte Urbana: mural de Salgueiro Maia na Avenida de Berna renovado

    O mural dedicado a Salgueiro Maia, um dos capitães da “Revolução de 25 de Abril’, foi requalificado.

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    ● Localizado no muro da Universidade Nova de Lisboa (UNL), na Avenida de Berna, a pintura sofreu uma renovação profunda, decidida para assinar os 50 anos da Revolução. A obra de arte urbana é de autoria de Tamara Alves, Sara Fonseca da Graça (também conhecida como Petra Preta), Moami e Mariana Malhão, artistas da plataforma cultural Underdogs.

    Nesta reinterpretação, destacam-se figuras femininas proeminentes dos movimentos de libertação das antigas colónias de Portugal. O colectivo afirma em comunicado que “o cenário inspira-se na filigrana portuguesa e nos padrões visuais das culturas africanas”, acrescentando que “silhuetas anónimas representam a força de um povo unido: as várias camadas da sociedade portuguesa que lutaram e celebraram a transição da opressão para a liberdade”.

    Esta homenagem a Salgueiro Maia é um projeto da NOVA FCSH e da Underdogs, apoiado pela Câmara Municipal de Lisboa, Galeria de Arte Urbana, Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Câmara Municipal de Castelo de Vide e Câmara Municipal de Santarém.

    Desde 2014

    A ideia deste mural, com 15 metros, surgiu a propósito do ciclo de conferências ‘A Revolução de Abril – Portugal 1974-1975’, organizado pela Universidade Nova no Teatro D. Maria II, de 21 a 24 de Abril. Esta arte urbana pretendeu fixar o testemunho da geração actual sobre a revolta que ditou o fim do Estado Novo e, simultaneamente, deixar mensagens para o futuro.

    O ideal foi a criação de um mural colectivo e não em blocos separados, apesar dos estilos diferentes que caracterizam o trabalho de cada autor.

    Na altura, o estilo foi outro. Além das cores da bandeira nacional a sobressaírem num fundo negro, destaca-se a imagem do ícone do 25 de Abril de boina e farda militar, eternizado numa das mais conhecidas fotografias de 25 de Abril de 1974, obtida pelo fotojornalista Alfredo Cunha.

    Na altura, o autor foi Frederico Draw, artista do Porto, que fez uma interpretação da imagem de 1974, um pouco mais carregada e traços mais pesados”. O pintor pretendeu utilizar o seu estilo “riscado e com tramas” para reforçar a expressão do rosto, simbolizando um Portugal “mais pesado”. A ideia era apelar para uma mudança.

    A suportar o retrato de Salgueiro Maia, Gonçalo Ribeiro (que assina como Mar) desenhou os punhos cerrados do povo que grita “amor” e “luta”. Destacava-se ainda a intenvenção de Diogo Machado (Add Fuel), que criou um padrão para inserir dentro da silhueta de duas espingardas, com cravos nas pontas. Miguel Januário, conhecido pelos projectos ‘maismenos’ e ‘kissmywalls’, pintou dois simbolos. À esquerda de Salgueiro Maia, o “pré-25 de Abril” com o escudo de Portugal entre ossos e correntes, quebradas numa ponta. À direita, o “pós-25 de Abril” com um coração e duas G3 (com os canos virados para baixo, em jeito de provocação). Junto ao coração, numa faixa escrita em latim, lê-se: “Ou encontramos uma via, ou fazemos uma”.

    • ● Fernando José Salgueiro Maia nasceu em Castelo de Vide, a 1 de Julho de 1944, sendo um dos generais do Exército Português que liderou as forças do Movimento das Forças Armadas (MFA) durante a Revolução de 25 de Abril de 1974, que marcou o fim do Estado Novo.

      Filho único de Francisco da Luz Maia, ferroviário, e de sua mulher, Francisca Silvéria Salgueiro. Salgueiro Maia perde a mãe aos quatro anos, quando foi mortalmente atropelada aos 29 anos por um autocarro na Praça de Espanha, próximo do mural que o homenageia.

      O herói do 25 de Abril frequentou a Escola Primária de São Torcato em Coruche e depois em Tomar. Aos 16 anos, a família instala-se em Pombal, passando Salgueiro Maia a fazer o ensino secundário no Liceu Nacional de Leiria (hoje, Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo).

      Em Outubro de 1964, foi admitido na Academia Militar, em Lisboa. Seria a segunda tentativa, uma vez que, um ano antes, a sua candidatura seria reprovada. O tirocínio é feito na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, na qual ascendeu a comandante de instrução e integrou uma companhia dos comandos na Guerra Colonial.

      Depois do 25 de Abril, licenciou-se em Ciências Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.

      Papel revolucionário

      Em 1973, iniciaram-se as reuniões clandestinas do MFA, em cuja Comissão Coordenadora Salgueiro Maia participa como Delegado de Cavalaria. Na madrugada de 25 de Abril de 1974, proferiu o discurso aos seus homens que ficou para a história: “Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos”, começou por dizer, dando a saída: “Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!”.

      De seguida convidou todos a segui-lo naquela intenção: “de modo que, quem quiser vir comigo para Lisboa, acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”. Prestes, todos os 240 homens formaram de imediato à sua frente. Depois, seguiram para Lisboa. A coluna de blindados cercou os ministérios do Terreiro do Paço, forçando a rendição de Marcello Caetano, no Quartel do Carmo, onde entregou a pasta do governo a António de Spínola. Mais tarde, Salgueiro Maia escoltou Marcello Caetano ao avião que o levou para o exílio no Brasil.

      Salgueiro Maia sempre recusou as benesses dos vitoriosos. Ao longo dos anos recusou ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governa[1]dor civil do Distrito de Santarém ou pertencer à casa Militar da Presidência da República.

      Mas os tempos não eram fáceis devido ao período revolucionário. A 25 de Novembro de 1975, Salgueiro Maia sai da EPC, comandando um grupo de carros às ordens de Francisco da Costa Gomes, então Presidente da República. Mais tarde é transferido para os Açores, só voltando a Santarém em 1979, onde ficou a comandar o Presídio Militar de Santarém. Em 1981, foi promovido a major e, posteriormente, a Tenente-coronel. Em 1984, regressa à EPC.

      Fernando Salgueiro Maia morre a 3 de Abril de 1992.

      Condecorações

      A 24 de Setembro de 1983, recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e, a título póstumo, o grau de Grande-Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a 28 de Junho de 1992. Em 2007, é atribuída a Medalha de Ouro de Santarém. Foi agraciado a título póstumo pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a 25 de Abril de 2016 (Dia da Liberdade), tendo a condecoração sido entregue à viúva a 30 de Junho de 2016, véspera do dia em que completaria 72 anos de vida.

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  • Aeródromo de Cascais: moradores contra aumento de poluição

    Aeródromo de Cascais: moradores contra aumento de poluição

    No dia 26 de outubro, Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), anunciou que o Aeródromo de Tires, vai receber, muito em breve, 100% dos voos executivos até agora dirigidos para o Aeroporto Humberto Delgado. A decisão não é pacifica e está a gerar descontentamento entre os moradores da freguesia que já sofrem, por vezes a horas tardias, a poluição sonora causada pela passagem a baixa altitude das aeronaves. A decisão teve o aval de João Galamba, ex- Ministro das Infraestruturas.

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    ● Segundo uma notícia do jornal ‘Público’, em 2022, a rota entre os aeroportos de Lisboa e Tires, com uma distância de 20,37 quilómetros, foi a segunda com maior intensidade carbónica da aviação privada, citando um relatório divulgado pela Greenpeace. Tires colocava Portugal no “top 3” da intensidade de emissões de CO2 de jactos privados.

    O impacto ambiental da decisão governamental está a gerar descontentamento entre a população. Actualmente, decorre uma petição pública contra o alargamento do ‘Aeroporto de Cascais’ e respectivo plano de urbanização e a sua envolvente (PUACE) dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República e a Assembleia Municipal de Cascais.

    Segundo os peticionários o desvio da aviação executiva da Portela para Tires “implicará inevitavelmente um incremento de tráfego aéreo e a degradação da qualidade de vida das populações presentes na sua envolvente, em resultado do aumento da poluição do ar, da poluição sonora, bem como, do aumento dos factores de risco para a segurança da população”.

    De acordo com a petição, “mesmo sem o alargamento que está agora equacionado, são já cada vez mais numerosas as queixas dos moradores da área envolvente ao Aeródromo de Cascais, sobretudo ao fim de semana, em resultado da intensificação do movimento de aeronaves, não acompanhada das medidas indispensáveis de minimização dos impactos ambientais associados”.

    Para os subscritores, em nome da preservação do ambiente, da qualidade de vida das populações, da sua segurança, “impõe-se a necessidade de diminuir o tráfego aéreo e de se deslocarem as infra-estruturas aeroportuárias para locais mais distantes das áreas habitadas”, acusando a CMC de caminhar em sentido contrário, “sem avaliar as consequências de tal opção para o ambiente e para as populações”.

    Os peticionários consideram que para a “generalidade dos munícipes o benefício económico desta expansão é nulo e as desvantagens são incalculáveis não só para os que moram nas áreas envolventes, como para todos os que habitam neste concelho”.

    Na petição acusa-se a CMC de decidir expandir um aeródromo localizado junto de povoações, “sem que se tivesse procedido previamente a uma Análise de Viabilidade e à Avaliação de Condicionantes e de efeitos negativos que tal propósito impõe à população”.

    Neste sentido, repudiam a pretensão camarária e exigem que seja condicionado o tráfego aéreo, “especialmente ao fim-de-semana”, restringindo-o às necessidades das escolas de pilotagem actualmente existentes e ao movimento das avionetas ligeiras.

    Os subscritores exigem ainda que sejam revogadas as deliberações camarárias de 17 de dezembro de 2019, “anulando as medidas preventivas que no âmbito do designado PUACE, condicionam as propriedades e o seu uso legítimo pelos respectivos donos”.

    Adaptação custa sete milhões

    A adaptação do aeródromo às novas valências está em curso, num investimento que atinge os sete milhões de euros, segundo a autarquia. Torre de Controlo, Aerogare e Quartel dos Bombeiros são as infra-estruturas que se preveem estarem terminadas no final de 2024. As acessibilidades também vão ser melhoradas. A construção de um nó de ligação de Tires à A5, projectada desde 2018, terá sido desbloqueada. Carlos Carreiras explicou que as dificuldades do projecto prendem-se com o contrato de concessão da Brisa, no que diz respeito à A 5. “Sabemos que há disponibilidade da Brisa e do Governo de encontrarem uma solução, no âmbito do contrato de concessão da A5, destas acessibilidades serem estabelecidas”, adiantou o autarca, levando à intervenção do ministro das Infraestruturas para garantir que “há todas as condições de retomar” os projectos que incluem ainda a criação de um corredor de bus que ligará aquele aeródromo a Lisboa.

    O Aeródromo Municipal de Cascais é actualmente responsável por 50% de toda a aviação executiva da zona de Lisboa.

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  • Banco de Portugal: Avenida de Berna é a nova hipótese para sede

    Banco de Portugal: Avenida de Berna é a nova hipótese para sede

    O Banco de Portugal (BdP) estuda a hipótese de construir a sua sede central na nova urbanização que vai nascer na Avenida de Berna.

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    ● Esta solução é a mais demorada e dispendiosa das alternativas disponíveis, pois os terrenos ainda estão ocupados pela Universidade Nova de Lisboa e o Hospital Curry Cabral. Para acomodar o Banco de Portugal naquele local será necessário demolir todos estes edifícios para reconstruir as novas instalações. Tudo indica que o BdP desistiu de construir nos terrenos que adquiriu em 2018, por 42 milhões de euros, junto à Quinta de Bensaúde, na esquina entre a Avenida Lusíada e a Estrada da Luz.

    Segundo o jornal ‘Expresso’, o Regulador está novamente a negociar com a Estamo, que integra a Parpública, a mudança da Avenida de Berna. “A partir do início deste ano foram retomadas as negociações entre a Estamo e o Banco de Portugal, tendo em vista determinar as condições para uma possível operação urbanística que possibilite a construção de novas instalações para esta entidade na Avenida de Berna”, disse ao Expresso fonte oficial da Estamo ao jornal, acrescentando que está “em curso um conjunto de diligências que conduzirão a uma decisão final sobre este tema por parte do Banco de Portugal”.

    O supervisor procura uma solução para os trabalhadores instalados em edifícios na Rua Castilho e Avenida Almirante Reis, apresentando várias patologias que têm implicado uma despesa de várias centenas de milhares de euros. A remodelação deste último foi estimada em vários milhões.

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  • Orçamento participativo 2023: câmara analisa cinco propostas para a freguesia de Carcavelos Parede

    Orçamento participativo 2023: câmara analisa cinco propostas para a freguesia de Carcavelos Parede

    Cinco propostas para a freguesia de Carcavelos Parede estão a ser analisadas pela Câmara Municipal de Cascais (CMC), no âmbito do Orçamento Participativo 2023.

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    ● A requalificação do campo de futebol e balneários do Grupo GD Carcavelos, a Requalificação do espaço da Universidade Sénior de Sassoeiros do Clube de Futebol de Sassoeiros, a aquisição de equipamento de proteção individual para os Bombeiros Voluntários de Carcavelos e São Domingos de Rana, a requalificação do parque infantil da praia de Carcavelos com sinalética “Mãe estou aqui” são as ideias que estão a ser estudadas pela CMC. Trata-se de se verificar se as ideias propostas pelos moradores são exequíveis, respeitam as normas e o orçamento disponível.

    A primeira fase da análise técnica termina a 8 de Março. Depois, decorre entre 11 e 22 de Março, o período para serem apresentadas reclamações.

    O anúncio das propostas que seguem para a votação está previsto para 28 de Março, podendo votar todos os que vivem, estudam ou trabalham no concelho de Cascais e que possuam telemóvel.

    Ao OP 2023 é atribuído o montante mínimo de três milhões de euros para financiar os projectos que forem considerados prioritários pelos cidadãos.

    O que é o OP

    O Orçamento Participativo (OP) é um processo em que os cidadãos são desafiados a apresentar propostas e a decidir sobre uma parte do orçamento municipal. É um processo que garante às pessoas a possibilidade de propor ideias que expressam as suas necessidades.

    OP é vinculativo

    A CMC promete executar os projectos vencedores no prazo máximo de três anos. A CMC fez a sua primeira edição do OP em 2011, sendo o “maior e mais votado do país” segundo o Município, envolvendo cerca de 60.000 pessoas por ano.

    Desde 2011, foram distribuídos 51 milhões de euros traduzidos em 219 projectos vencedores, mas nem todos estão realizados.

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  • Boavista: Indignação crescente

    Boavista: Indignação crescente

    A Associação Recreativa de Moradores e Amigos do Bairro da Boavista (ARMABB) promoveu uma petição dirigida à Assembleia Municipal de Lisboa (AML) contra o que considera ser o abandono daquela zona da freguesia por parte da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Recorde-se que estão previstos grandes projectos no bairro, um dos que mais recebe investimentos em Benfica, destinados a melhorar a qualidade de vida dos moradores.

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    ● Os subscritores expõem a sua “indignação e preocupação crescente“ face ao que consideram abandono do Bairro “por entidades como a CML e a empresa municipal Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa (GEBALIS) e diversas entidades da administração central do Estado”. De fora das reivindicações dos moradores fica a Junta de Freguesia.

    Os assinantes afirmam que não se reveem “no estigma de um ‘bairro de gueto’, mas salientam que os “moradores se sentem de um bairro marginalizado, esquecido e desprezado por todos”. Na petição afirma-se que em época de campanha eleitoral, “tudo se promete a troco de votos, mas onde nada acontece na realidade”. A contínua “espiral de degradação e desgaste dos espaços públicos, dos bens e serviços” do bairro é evidente, para os subscritores.

    No documento refere-se que ao mesmo tempo que tapam “os olhos com obras de milhões” como a nova escola e nova igreja, existem “prédios com mais de cinquenta anos que nunca sofreram obras de conservação, a cair aos bocados, casas pejadas de fungos e humidade, repletas de pragas de ratos e percevejos, casas sem as mínimas condições de salubridade e habitabilidade”. Para os subscritores, “é urgente requalificar as habitações e torná-las dignas”.

    Vários exemplos de degradação do bairro são apontados na petição. O estado deplorável dos arruamentos, a ausência de iluminação pública, a ausência de manutenção das zonas comuns, fachadas e infraestrutura dos prédios, a falta de transportes públicos, a prometida pista ciclável e pedonal até à Estação de Benfica, o possível encerramento da esquadra da PSP, a falta de recursos do Centro de Saúde, a necessidade de espaços dedicados a crianças e a permanente, desastrosa e ineficaz recolha de lixo no interior do Bairro são algumas das carências apontadas.

    A petição deu entrada na AML a 16 de Junho 2023, com 335 assinaturas, tendo baixado à 5ª Comissão Permanente de Habitação e Desenvolvimento Local e Obras Municipais.

    Milhões para o bairro

    O Bairro da Boavista tem vindo a concentrar um dos maiores investimentos autárquicos em Benfica, abrangendo habitação, equipamentos e espaços públicos, São exemplos, o Centro de Saúde de raiz, a USF Monsanto, e a Escola Básica Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, com Jardim de infância, correspondendo a perto de um milhão de euros e a 10 milhões de euros, respectivamente. O Pavilhão Desportivo do Bairro da Boavista também foi requalificado (315 mil euros), estando ainda prevista a construção da nova igreja de São José, localizada na praça central do bairro que será também alvo de uma renovação.

    Ao nível da habitação, destaca-se as novas casas de alvenaria que estão a ser construídas que darão uma nova característica: a transformação em ‘eco-bairro’. Ao todo serão 460 fogos, representando cerca de 60 milhões de investimento. O realojamento dos habitantes divide-se em cinco fases, dando lugar a quase 460 novas habitações, de tipologias entre T1 a T4.

    No dia 8 de Abril de 2019, foram entregues as primeiras 50 habitações. No dia 4 de Novembro de 2019, foram entregues 46 novos fogos. A 7 de Julho de 2023, mais 30 fogos.

    Entretanto, em Junho de 2022, a GEBALIS anunciou investir 850 mil euros na recuperação de 448 fracções em 16 edifícios.

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  • Rede ciclável: estratégia municipal abrange freguesia de São Domingos de Benfica

    Rede ciclável: estratégia municipal abrange freguesia de São Domingos de Benfica

    Na reunião pública do executivo, realizada a 25 de Outubro, Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), apresentou a estratégia do Executivo para a rede ciclável. A freguesia integra o ‘eixo panorâmico’.

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    ● Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou a estratégia e os objectivos da rede ciclável da cidade. Na freguesia, a Praça Marechal Humberto Delgado vai ser integrada nos planos da autarquia. A rede ciclável em Lisboa tem conhecido, nos últimos anos, um aumento substancial. Numa cidade com mais de 1700 km de estradas, a CML prevê contruir 200 km para a utilização da bicicleta. A ideia é ligar todos os bairros lisboetas e potenciar a utilização da bicicleta como modo de transporte.

    As ciclovias estão a ser desenvolvidos em torno de vários eixos. Pela freguesia passa o chamado ‘Eixo Panorâmico’ que começa na Praça de Espanha, passa por Sete Rios, segue pela Rua Conde Almoster, Rua Carolina Michaelis até à estação de Benfica da Linha de Sintra. ‘Eixo Marginal’, Eixo Circular exterior’, ‘Eixo Alcântara-Pontinha’, ‘Eixo Baixa- Aeroporto’, ‘Eixo Central’ e ‘Eixo Olivais – Beato’ são as restantes ciclovias principais que deverão estar concluídas em 2025.

    Os objectivos da CML é alargar a rede existente, melhorar ligações cicláveis, criar 13 zonas 30 + bici e expandir a Rede Gira.

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  • Escola Secundária José Gomes Ferreira em Benfica: insalubridade agrava problemas respiratórios

    Escola Secundária José Gomes Ferreira em Benfica: insalubridade agrava problemas respiratórios

    A Escola Secundária José Gomes Ferreira (ESJGF) necessita de obras urgentes, alerta Maria João Alves, sub-directora do Agrupamento de Escolas de Benfica. As situações de insalubridade são tão graves que há alunos com problemas respiratórios. A situação é do conhecimento de todas as entidades autárquicas e do governo com tutela na educação e saúde pública.

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    ● Segundo a professora, esta situação tem motivado queixas de encarregados de educação na direcção da escola, na CML, na Junta de Freguesia, Ministério da Educação, entre outras entidades.

    Estas queixas são acompanhadas por atestados médicos de alunos “cujos problemas de saúde respiratória se agravam pela permanência em salas de aula muito degradadas e com muita humidade”, de acordo com Maria João Alves.

    Os problemas infraestruturais “são demasiado graves para continuar à espera”, segundo a professora. Alguns exemplos são as deficiências na rede de esgotos e canalizações de água que obrigam a encerrar diversas instalações sanitárias.

    Mas há mais: os alunos não têm água quente e os quadros eléctricos estão a precisar de reforma, fendas nas paredes há anos que aumentam “a olhos vistos”, chove dentro do Pavilhão Gimnodesportivo, salas sem isolamento, são outros aspectos. No Inverno, professores aconselham os alunos a trazerem de casa gorros e mantas devido à falta de isolamento.

    A nível da acessibilidade também existem problemas. Os acessos exteriores e a circulação interna não são adequados para pessoas com mobilidade reduzida.

    Neste aspecto, a Escola Secundária Gomes Ferreira “não é uma escola inclusiva”, afirma.

    Prémio Valmor

    A Escola Secundária José Gomes Ferreira foi construída entre 1976 e 1980 pelo arquicteto Raul Hestnes Ferreira.

    O estabelecimento de ensino desenvolve-se em cinco edifícios numa relação entre volumes e formas geométricas que chocam e equilibram-se entre si.

    O edifício estrutura-se em cinco corpos alongados de diferentes comprimentos, à semelhança dos cinco dedos de uma mão, separados por escadarias e terminando cada um deles num volume cilíndrico rematados por terraços.

    Em 1982, foi reconhecida a qualidade da escola com a atribuição de uma Menção Honrosa do Prémio Valmor, assim como do Prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte.

    Com cerca de 1200 alunos, este estabelecimento de ensino nunca recebeu uma intervenção de fundo. A Câmara Municipal de Lisboa estima serem necessários cerca de 10 milhões de euros e aguarda pelo financiamento do Governo.

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  • Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos em São Domingos de Benfica: degradação agrava-se, obras sem data prevista

    Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos em São Domingos de Benfica: degradação agrava-se, obras sem data prevista

    A requalificação da Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos (EBPDS) está prevista há vários anos. Mas nada avançou, a não ser no papel. Todos, com intervenção na tutela, concordam na urgência: Governo e Câmara Municipal de Lisboa (CML). No início de Junho do ano passado, as obras de renovação foram consideradas prioritárias, mas a sua realização não tem data marcada. A Associação de Pais e EE da Escola Delfim Santos (APEEEDS) está farta das promessas e lançou uma petição pública. “Gerações de alunos na Escola Delfim Santos sucedem-se e as condições da escola degradam-se a olhos vistos”, afirmam.

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    ● Na petição, os pais e encarregados de educação reiteram a sua preocupação “face ao estado de degradação evidente da escola”, solicitam “a intervenção urgente que trave essa degradação e o agendamento, o mais breve possível, das há muito previstas obras de requalificação”.

    O foco das preocupações é o pavilhão F, provisório desde a sua génese: “por ter sido planeado para ser provisório, é uma construção em madeira, na qual funcionam salas de aulas, mas também, por exemplo, o laboratório de Físico-Química”, refere-se no documento. Para os peticionários, “as actuais condições deste pavilhão estão longe de ser as aceitáveis de um país europeu do século XXI e representam até um potencial perigo para quem lá estuda e trabalha”. Segundo a APEEEDS, “este pavilhão não transmite uma sensação de segurança, principalmente ao nível da electricidade”.

    Outras preocupações

    As instalações sanitárias são outro motivo de preocupação. Os encarregados de educação referem que “se encontram em condição tão deficiente, que muitos alunos preferem não as utilizar”. As instalações sanitárias são também motivo de preocupação, sendo necessário a substituição de portas, reforço dos fechos e colocação de espelhos seguros.

    Devido ao mau estado destas instalações “leva a que os alunos, especialmente os do sexo feminino, tenham pudor em utilizar as instalações sanitárias”.

    Outro aspecto da falta de condições daquele estabelecimento de ensino é o mobiliário escolar, a maioria do qual tem 42 anos.

    De acordo com os pais, as dimensões das cadeiras e mesas não são adequadas: “ergonomicamente, as actuais mesas e cadeiras comprometem uma postura correcta dos alunos”. Por outro lado, o mobiliário está em mau estado, com lascas, podendo ferir ou causar estragos nas roupas.

    Ao nível exterior, afirma-se na petição que “alguns equipamentos foram retirados devido à sua degradação e nunca substituídos”, havendo zonas “onde as raízes das árvores deformaram de tal forma o pavimento que são autênticas armadilhas”.

    A APEDDS espera que a petição, dirigida a Assembleia Municipal de lisboa, atinga as duas mil assinaturas.

    Em bolandas

    A resolução da situação anda em bolandas, num ‘jogo do empurra’ entre os responsáveis da tutela: o Governo remete o assunto para a autarquia, justificando-se com o acordo que fez com Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) no âmbito da educação; a CML, baseando-se no mesmo acordo, descarta responsabilidades.

    No referido acordo, assinado em Julho deste ano, a escola foi considerada prioritária, integrando um conjunto de 2450 escolas que o Governo se comprometia a requalificar até 2033.

    Segundo a APEEEDS, “este intervalo temporal equivale a uma indefinição que vai agravar as condições de ensino na Delfim Santos”. E lamenta: “não há sequer uma data concreta que seja indicativa para a realização das obras”.

    Este aspecto burocrático tem sido a justificação para que “as entidades competentes não realizem obras intermediárias”. Na prática, “o referido acordo não faz, nem deixa fazer”.

    Pais fazem pequenas obras

    Ao longo do tempo, foram realizadas algumas pequenas intervenções promovidas pela Associação de Pais, com a colaboração da Direção do Agrupamento, para resolver situações mais críticas.

    Exemplos destas pequenas melhorias, é a pintura de salas, a instalação de estores e caixilharias ou, mais recentemente, a instalação de um toldo novo no exterior do pavilhão desportivo e dois novos bancos de jardim.

    Para estas intervenções a APEDDS tem conseguido angariar fundos juntos dos seus associados e de diversas empresas. “No entanto, têm sido manifestamente insuficientes dado o seu orçamento limitado”, salientam.

    No princípio de Outubro, a APEEDS reuniu com Beatriz Gonçalves e Maria José Oliveira, vogais da Junta de Freguesia.

    No encontro, foram abordadas “questões relacionadas com as infra-estruturas da escola”, além de solicitar “a colaboração nalguns projectos que gostaríamos de implementar, nomeadamente melhorias no espaço exterior da escola, a criação de mais espaços de lazer, a disponibilização de recursos humanos para acompanhamento de alunos e intervenções perto da entrada da escola”. A degradação das instalações escolares, a falta de professores e de recursos humanos para os alunos com Necessidades Educativas Especiais.

    A Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos alberga mais de 1000 alunos do 5.º ao 9.º ano e cerca de três dezenas de auxiliares operacionais, alem de uma centena de docentes.

    As actuais instalações foram inauguradas em 1981 e, durante os 42 anos de existência, nunca foram efectuadas intervenções de fundo.

    Este estabelecimento de ensino tem sete pavilhões (A, B, C, D, E, F e Pavilhão Gimnodesportivo). As aulas funcionam em quatro pavilhões (C, D, E, F), nos quais existem 37 salas de aula.



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  • Rua Filipe Folque 1800-1874

    Rua Filipe Folque 1800-1874

    Filipe de Sousa Folque foi um aristocrata, político, militar e matemático português. Filipe de Sousa Folque nasceu em Portalegre a 28 de Novembro de 1800, filho do tenente-general Pedro Folque e de Maria Micaela de Sousa Folque.

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    ● Em 1826, foi doutorado em Matemática pela Universidade de Coimbra. Nesse ano, foi nomeado ajudante do Director de Obras do Mondego e a 6 de Fevereiro de 1827, ajudante do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra.

    Já em 1820, o seu interesse por astronomia o tinha tentado a entrar para o Observatório Real da Marinha sem sucesso.

    A 11 de Julho de 1834 começou como docente de Matemática na Universidade de Coimbra e, a 10 de Novembro, foi admitido na Academia Real das Ciências de Lisboa. Dois anos mais tarde, mudou-se para a Academia Real de Marinha (1 de Fevereiro de 1836), na qual criou o curso de engenheiro hidrógrafo.

    Este curso é considerado um marco decisivo para o desenvolvimento dos conhecimentos de astronomia, geodesia, topografia, hidrografia, cartografia entre os Oficiais de Marinha, de tal forma que muitos dos vultos nestas áreas praticamente nos 100 anos seguintes são oriundos da Armada (António Baldaque da Silva, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens ou Gago Coutinho). Desde 1840, foi lente de Astronomia e Geodesia na Escola Politécnica de Lisboa.

    No domínio militar, Filipe Folque assentou praça na Armada como voluntário a 4 de Janeiro de 1820, sendo promovido a segundo-tenente, a 13 de Maio desse mesmo ano. Mas só em 1833 entra no Exército, como tenente, onde viria a alcançar o posto de General de Divisão da arma de Engenharia em 1872.

    Desenvolvimento da cartografia

    Em 1843, com o pai (Pedro Folque) recebe a incumbência de realizar a carta topográfica de Portugal, à escala de 1:100.000 (Carta geral do Reino) e a Carta do Plano Hidrográfico da barra do Porto de Lisboa.

    Entretanto, foi professor de Matemática das filhas de D. Maria II, Maria, Antónia de Bragança, Maria Ana de Bragança, Princesa da Saxónia e Maria da Glória.

    Entre 1844 e 1870, foi director-geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino, apoiado pelo Ministro da Obras Públicas Fontes Pereira de Melo, tendo criado o departamento hidrográfico.

    Neste cargo, dirigiu entre 1856 e 1859, um levantamento topográfico de Lisboa (a Carta Topographica da Cidade de Lisboa, publicada em 1878), no âmbito da qual colocou chapas de ferro fundido, a uma altura de 3 metros, com a cota de nível dos arruamentos.

    O geógrafo já tinha elaborado a Carta Geral do Reino ou Carta Corográfica de Portugal (1843) e a Carta do Plano Hidrográfico da barra do Porto de Lisboa, na escala 1: 10.000, entre muitos outros trabalhos.

    Filipe Folque publicou diversos estudos, entre os quais “Memória dos Trabalhos Geodésicos executados em Portugal” (1841), “Tábuas para o Cálculo das Distâncias à Meridiana” (1855), “Dicionário do Serviço dos trabalhos geodésicos e topográficos do Reino” ou “Rapport sur les travaux géodésiques du Portugal et sur l’état actuel de ces mêmes travaux pour être présenté à la Comission Permanente de la Confèrence Internationale” (1868).

    Colaborador de várias revistas, entre as quais a “Revista Militar”, “Revista Universal Lisbonense” e “Revista do Conservatório Real de Lisboa”, também foi feito sócio efectivo da Academia Real das Ciências de Lisboa em 1834.

    Com Almeida Garrett participou na fundação do Conservatório Nacional, dados os seus grandes conhecimentos musicais, chegando a Director da Secção de Música. Ao nível político, candidatou-se em 1840 a deputado pelo círculo de Portalegre.

    Avesso a títulos

    Pelos serviços prestados ao reino e à Família Real, a Rainha D. Maria II quis atribuir-lhe um título nobiliárquico (Fidalgo da Casa Real e Par do Reino), o que Filipe Folque recusou.

    Depois de muita insistência aceitou sob uma condição: que fosse atribuído (já por D. Luís I) a seu genro, D. Luiz Caetano de Castro e Almeida Pimentel de Sequeira e Abreu, que ficou então Conde de Nova Goa, por vontade do seu sogro. Filipe Folque foi agraciado com a Ordem Militar de Santiago da Espada, grau de Grã-Cruz; e com o grau de Comendador das seguintes Ordens: Real Ordem de S. Bento de Aviz, Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Ordem de Leopoldo (da Bélgica), Ordem da Coroa de Carvalho e Ordem do Leão (ambas dos Países-Baixos), Legião de Honra (de França) e da Ordem de S. Jorge (do Reino das Duas Sicílias)”.

    Filipe Folque faleceu aos 74 anos na Lapa (Lisboa) a 27 de Dezembro de 1874, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres, no jazigo de seu pai.

    Vinte anos depois, o nome do militar e matemático foi atribuído a uma artéria das Avenidas Novas, entre a Rua de São Sebastião de Pedreira e a Avenida Duque d’Ávila, por via do Edital municipal de 29 de Novembro de 1902.

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    Carta de Portugal

    ● A Carta Geográfica de Portugal foi obra de Filipe Folque e um marco da maior relevância da cartografia portuguesa oitocentista. “Sendo de grande utilidade pública a existência de uma carta geográfica do reino, em que pelo menos sejam representados com exactidão o regime das águas e a posição relativa das povoações, o que não sucede nas cartas geográficas do País até hoje publicadas, as quais nenhum crédito merecem por sua manifesta inexactidão, e por lhes faltar o indispensável fundamento das triangulações; tornando-se além disto necessário este trabalho para satisfazer às condições essenciais de um reconhecimento geológico, para o qual a comissão dos trabalhos geológicos do reino já escolheu os factos precisos, como preliminar indispensável para trabalhos ulteriores…”, assim começava a Portaria de 5 de Maio de 1859 que determinou o levantamento da carta geral do País na escala de 1:500 000. A tarefa foi cometida à Direcção-Geral dos Trabalhos Geodésicos, criada em 1852 sob a direcção de Filipe Folque que, entretanto, se transformaria, enquanto a carta se preparava, em Instituto Geográfico (1864-1868).

    Em finais de 1861, quando a carta estava já muito adiantada, F. Folque referir-se-lhe-ia dizendo: “Em presença das bases dos processos, a métodos e dos cuidados e crítica com que os trabalhos geográficos são executados, posso com toda a segurança afirmar que a carta geográfica de Portugal, além de mostrar a configuração das grandes massas das serras e montanhas com o maior esmero, apresenta com verdade todos os detalhes, que a pequenez da sua escala permite”. Até então, o País apenas dispusera de cópias mais ou menos modificadas de cartas gerais estrangeiras, muito criticadas pelo pouco rigor e pelos muitos erros. O relevo, representado com curvas de nível, tinha agora uma figuração inovadora.

    Carta topográfica de Lisboa

    ● O atlas da carta topográfica de Lisboa, levantada em 1856, 1857 e 1858, é composto por um conjunto de 65 folhas de papel aguareladas representativas da topografia da cidade de Lisboa, incluindo uma folha de rosto, datada de 1859 e um quadro de junção das folhas do Atlas, de 1911. Este levantamento abrange um total de 1208 hectares, para uma população de 200 mil habitantes. Apresenta os novos limites da cidade demarcados pela Estrada da Primeira Circunvalação (Rua D. Maria Pia, Arco do Carvalhão, Campolide, Arco do Cego, Alto de S. João), abrangendo ainda, entre outras, as zonas de Alcântara, Prazeres, Campolide, São Sebastião da Pedreira, Arroios, Penha de França e Santa Apolónia.


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  • Palhavã Praça de Espanha

    Palhavã Praça de Espanha

    A Praça de Espanha (até 1979 designada por Praça Espanha) é uma das principais praças de Lisboa na fronteira entre as freguesias de Avenidas Novas, São Domingos de Benfica e Campolide.

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    ● Situada numa zona antigamente conhecida por Palhavã, a “praça” não parece uma praça dadas as suas actuais características: é mais um local com grandes vias e elevado trânsito rodoviário de atravessamento da cidade, além de ser um importante interface de transportes públicos.

    A Câmara Municipal de Lisboa pretende construir um grande parque urbano na zona e criar uma nova centralidade de escritórios e serviços, reformulando todos os eixos viários da praça. O perfil socio-económico de toda a área vai ser alterado devido aos grandes imóveis que vão ser construídos para a instalação de sedes de diversas instituições.

    Na praça existe uma estação do Metropolitano de Lisboa, até 1998 designada Palhavã (hoje Praça de Espanha), integrada na Linha Azul, inaugurada a 29 de Dezembro de 1959. O projecto original é da autoria do arquitecto Francisco Keil do Amaral e as intervenções plásticas da pintora Maria Keil.

    Em 15 de Outubro de 1980 foi concluída a ampliação da estação com base num projecto do arquitecto Sanchez Jorge e as intervenções plásticas da pintora Maria Keil. A ampliação da estação implicou o prolongamento dos cais de embarque e a construção de um novo átrio. A estação possibilita o acesso ao Edifício-sede e parque da Fundação Calouste Gulbenkian, à Mesquita de Lisboa, ao Teatro Aberto, ao Teatro da Comuna e ao terminal de auto[1]carros que se localiza nessa praça.

    Memória de Espanha

    A toponímia da Praça foi oficializada pelo Edital municipal de 29 de Janeiro de 1979, gravando a memória que o povo de Lisboa tinha deste espaço, associando-a à Embaixada de Espanha que ocupou o Palácio de Palhavã entre 1919 a 1939. A partir desta data passou a ser a residência do embaixador espanhol.

    A construção do edifício, em 1660, deveu-se ao 2.º Conde de Serzedas, Luís Lobo da Silveira, que o mandou construir na estrada que ligava o sítio da Pedra ao sítio de Sete Rios, especificamente nos terrenos de um cavaleiro conhecido como de Palhavã. Assim, nasceu o Palácio de Palhavã.

    A história dos residentes do Palácio revela a sua antiga ligação (a partir da segunda metade do séc. XVIII) ao país vizinho. O palácio passou para os Condes da Ericeira e Marqueses do Louriçal a partir de 1747, que o arrendaram a D. João V para morada dos seus três filhos, conhecidos como “Os Meninos de Palhavã”. Entre 1765 e 1769, foi a residência do Marquês de Almodóvar, Embaixador de Espanha. No início do séc. XIX, os seus terrenos foram danificados pelos franceses que lá montaram acampamento aquando das Invasões. Em 1861, foi adquirido pelo 3.º Conde de Azambuja ou dos Lumiares, que restaurou o Palácio de acordo com um plano do arquitecto Possidónio da Silva. Em 1918, os Azambujas resolveram leiloá-lo e acabou arrematado pelo Governo de Espanha, representado por Alejandro de Padilla, então Ministro Plenipotenciário, que nele instalou a Embaixada do seu país. Um marco na Praça de Espanha é a Fundação Calouste Gulbenkian, um importante centro de cultura da capital, cujos jardins fazem as delícias de muitos lisboetas e turistas.

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    Meninos da Palhavã

    ● Os “meninos de Palhavã” eram os filhos bastardos varões do rei João V de Portugal (1689-1750), reconhecidos como tais em documento de 1743 (embora só publicado em 1752, já morto o soberano).

    Eram assim chamados por terem residido no palácio do marquês de Louriçal, na zona de Palhavã, que na época pertencia ao Marquês de Pombal. Eram eles: D. António (1714-1780), filho de Luísa Inês Antónia Machado Monteiro; D. Gaspar (1716-1789), filho da religiosa Madalena Máxima de Miranda; e D. José (1720-1801), filho da religiosa Madre Paula de Odivelas. No palácio de Palhavã residiu Fr. Gaspar da Encarnação – também conhecido como Padre Govea ou Padre Reformador – que se encarregou da sua educação até entrarem no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. O primeiro seria cavaleiro da Ordem de Cristo, o segundo, arcebispo primaz de Braga; o terceiro, Inquisidor-mor.

    Arco de São Bento

    ●O Arco de S. Bento, parte da estrutura das Águas Livres, erguido m 1758, na Rua de S. Bento, junto ao convento beneditino, actual Assembleia da República, teve por missão abastecer de água o chafariz da Esperança, a partir das Amoreiras.

    O Arco fazia parte da estrutura de uma das mais emblemáticas obras da engenharia hidráulica portuguesa. A ordem dórica das suas linhas arquitectónicas e o frontão marcaram a sua presença clássica naquele local até ao final dos anos trinta do séc. XX (1938).

    A remodelação do antigo Palácio das Cortes, actual Assembleia da República, implicou a sua desmontagem. As pedras, todas numeradas, permaneceram nos relvados da Praça de Espanha, tendo mais tarde sido reconstruído neste local em 1998, já sem a sua função original. O Arco enriquece o património arquitectónico da cidade.

    Clube desportivo

    ●Palhavã também existiu no desporto. De curta existência, surgiu nos anos 1927/28, o Clube Desportivo da Palhavã que resultou da reorganização do Império Lisboa Clube, fundado em 1917, em resultado da fusão entre o Lisboa Futebol Clube (de 1908) e o Sport Clube Império, de 1907 e fundador da associação distrital.


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