● A chegada inesperada de uma crise pandémica, de proporções mundiais, levou a uma alteração substancial dos hábitos comuns do dia-a-dia, quer a nível individual, familiar, social e laboral.
Compete-nos a cada um de nós adoptar comportamentos que se coadunem com a protecção individual e colectiva, cabendo também às entidades e autoridades públicas a promoção do cumprimento desses comportamentos preventivos.
Se o grosso das medidas são desenhadas a nível nacional, através de uma cascata legislativa inigualável, o certo é que, mesmo sem poder legislativo, incumbe às autarquias o contacto de proximidade com a população.
No decurso da primeira vaga da pandemia por COVID-19, a autarquia de Lisboa decidiu, em prol do comércio local, dinamizar o licenciamento de esplanadas em sítios anteriormente impensáveis.
Hoje, em plena segunda fase da pandemia, proliferam as esplanadas na freguesia de Avenidas Novas – ao arrepio das medidas aprovadas ao abrigo da situação de calamidade e do estado de emergência – violações grosseiras das medidas de contingência, assistindo-se, amiúde, a ajuntamentos de jovens a consumirem álcool, sem distanciamento social e sem Equipamentos de Protecção Individual.
Numa freguesia com vários estabelecimentos de ensino, de nível secundário e universitário, questiona-se se fará sentido manter estes focos de aglomeração (esplanadas) nas exactas condições existentes, questionando-se se deve, neste momento, a Economia sobrepor-se à saúde pública.
Em acréscimo às esplanadas, não podemos deixar de ter sérias reservas sobre o golpe publicitário da Junta de Freguesia de Avenidas Novas que, no dia de entrada em vigor da medida que impõe a utilização de máscaras para acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas, decide lançar uma campanha publicitária onde questiona: Tem um estabelecimento comercial na freguesia de Avenidas Novas? Os seus clientes fumam no exterior?
Ora, numa altura em que estamos todos sujeitos a um dever cívico de recolhimento, perguntamos se a pré-campanha eleitoral nas Avenidas Novas – que cola, literalmente, a imagem da Junta de Freguesia a cinzeiros que irão proliferar pelas ruas – se deve sobrepor às questões de saúde pública.f