
Palhavã Praça de Espanha
20 de Novembro de 2023A Praça de Espanha (até 1979 designada por Praça Espanha) é uma das principais praças de Lisboa na fronteira entre as freguesias de Avenidas Novas, São Domingos de Benfica e Campolide.
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● Situada numa zona antigamente conhecida por Palhavã, a “praça” não parece uma praça dadas as suas actuais características: é mais um local com grandes vias e elevado trânsito rodoviário de atravessamento da cidade, além de ser um importante interface de transportes públicos.
A Câmara Municipal de Lisboa pretende construir um grande parque urbano na zona e criar uma nova centralidade de escritórios e serviços, reformulando todos os eixos viários da praça. O perfil socio-económico de toda a área vai ser alterado devido aos grandes imóveis que vão ser construídos para a instalação de sedes de diversas instituições.
Na praça existe uma estação do Metropolitano de Lisboa, até 1998 designada Palhavã (hoje Praça de Espanha), integrada na Linha Azul, inaugurada a 29 de Dezembro de 1959. O projecto original é da autoria do arquitecto Francisco Keil do Amaral e as intervenções plásticas da pintora Maria Keil.
Em 15 de Outubro de 1980 foi concluída a ampliação da estação com base num projecto do arquitecto Sanchez Jorge e as intervenções plásticas da pintora Maria Keil. A ampliação da estação implicou o prolongamento dos cais de embarque e a construção de um novo átrio. A estação possibilita o acesso ao Edifício-sede e parque da Fundação Calouste Gulbenkian, à Mesquita de Lisboa, ao Teatro Aberto, ao Teatro da Comuna e ao terminal de auto[1]carros que se localiza nessa praça.
Memória de Espanha
A toponímia da Praça foi oficializada pelo Edital municipal de 29 de Janeiro de 1979, gravando a memória que o povo de Lisboa tinha deste espaço, associando-a à Embaixada de Espanha que ocupou o Palácio de Palhavã entre 1919 a 1939. A partir desta data passou a ser a residência do embaixador espanhol.
A construção do edifício, em 1660, deveu-se ao 2.º Conde de Serzedas, Luís Lobo da Silveira, que o mandou construir na estrada que ligava o sítio da Pedra ao sítio de Sete Rios, especificamente nos terrenos de um cavaleiro conhecido como de Palhavã. Assim, nasceu o Palácio de Palhavã.
A história dos residentes do Palácio revela a sua antiga ligação (a partir da segunda metade do séc. XVIII) ao país vizinho. O palácio passou para os Condes da Ericeira e Marqueses do Louriçal a partir de 1747, que o arrendaram a D. João V para morada dos seus três filhos, conhecidos como “Os Meninos de Palhavã”. Entre 1765 e 1769, foi a residência do Marquês de Almodóvar, Embaixador de Espanha. No início do séc. XIX, os seus terrenos foram danificados pelos franceses que lá montaram acampamento aquando das Invasões. Em 1861, foi adquirido pelo 3.º Conde de Azambuja ou dos Lumiares, que restaurou o Palácio de acordo com um plano do arquitecto Possidónio da Silva. Em 1918, os Azambujas resolveram leiloá-lo e acabou arrematado pelo Governo de Espanha, representado por Alejandro de Padilla, então Ministro Plenipotenciário, que nele instalou a Embaixada do seu país. Um marco na Praça de Espanha é a Fundação Calouste Gulbenkian, um importante centro de cultura da capital, cujos jardins fazem as delícias de muitos lisboetas e turistas.
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Meninos da Palhavã
● Os “meninos de Palhavã” eram os filhos bastardos varões do rei João V de Portugal (1689-1750), reconhecidos como tais em documento de 1743 (embora só publicado em 1752, já morto o soberano).
Eram assim chamados por terem residido no palácio do marquês de Louriçal, na zona de Palhavã, que na época pertencia ao Marquês de Pombal. Eram eles: D. António (1714-1780), filho de Luísa Inês Antónia Machado Monteiro; D. Gaspar (1716-1789), filho da religiosa Madalena Máxima de Miranda; e D. José (1720-1801), filho da religiosa Madre Paula de Odivelas. No palácio de Palhavã residiu Fr. Gaspar da Encarnação – também conhecido como Padre Govea ou Padre Reformador – que se encarregou da sua educação até entrarem no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. O primeiro seria cavaleiro da Ordem de Cristo, o segundo, arcebispo primaz de Braga; o terceiro, Inquisidor-mor.
Arco de São Bento
●O Arco de S. Bento, parte da estrutura das Águas Livres, erguido m 1758, na Rua de S. Bento, junto ao convento beneditino, actual Assembleia da República, teve por missão abastecer de água o chafariz da Esperança, a partir das Amoreiras.
O Arco fazia parte da estrutura de uma das mais emblemáticas obras da engenharia hidráulica portuguesa. A ordem dórica das suas linhas arquitectónicas e o frontão marcaram a sua presença clássica naquele local até ao final dos anos trinta do séc. XX (1938).
A remodelação do antigo Palácio das Cortes, actual Assembleia da República, implicou a sua desmontagem. As pedras, todas numeradas, permaneceram nos relvados da Praça de Espanha, tendo mais tarde sido reconstruído neste local em 1998, já sem a sua função original. O Arco enriquece o património arquitectónico da cidade.
Clube desportivo
●Palhavã também existiu no desporto. De curta existência, surgiu nos anos 1927/28, o Clube Desportivo da Palhavã que resultou da reorganização do Império Lisboa Clube, fundado em 1917, em resultado da fusão entre o Lisboa Futebol Clube (de 1908) e o Sport Clube Império, de 1907 e fundador da associação distrital.
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