
Zonas de circulação dividem freguesia
4 de Agosto de 2023Com a realização da “Colina do Encontro” no Parque Eduardo VII os moradores das zonas limítrofes estão preocupados com os transtornos que o evento está a causar na vida quotidiana da freguesia. Os que puderam, sairam de Lisboa por uns dias para evitar o rebuliço das Jornadas Mundiais da Juventude.

● A freguesia, assim como a cidade, foi dividida por zonas, vermelhas, amarelas e verdes. As primeiras são de “restrição absoluta” à circulação rodoviária. No entanto, os residentes podem circular dentro deste perímetro desde que tenham comprovativo de residente ou trabalhador na zona. Um senão: a circulação não poderá coincidir com a passagem do Papa Francisco ou, por exemplo, durante a Missa de Acolhimento aos peregrinos.
Na zona amarela, verifica-se circulação rodoviária condicionada. A circulação de veículos de cargas e descargas é autorizada da meia-noite às 7 horas, assim como de pessoas com avenças nos parques de estacionamento públicos, táxis e TVDEs, transportes públicos (Carris e Carris Metropolitana) e veículos turísticos tuk-tuks.
Na área verde é possível a circulação livremente. As autoridades alertam para em determinados períodos do dia se poderem registar cortes pontuais “por motivos de congestionamento e circulação pedonal mais intensa”.
A mobilidade pedonal não tem restrições naquelas três áreas. As várias estações GIRA que estiverem dentro das zonas Vermelha e Amarela serão desactivadas enquanto esses perímetros estiveram activos. Também não existem bicicletas e trotinetas de operadores privados no território restricto.
Grande impacto na freguesia
Os dias de maiores constrangimentos na freguesia são nos dias 1, 3 e 4 de Agosto. A Zona Vermelha é definida em torno do Parque Eduardo VII pela Rua Castilho, Rua Joaquim António de Aguiar, Rua Marquês da Fronteira, Avenida António Augusto de Aguiar e Avenida Fontes Pereira de Melo. Esta zona envolve ainda a rotunda interna do Marquês de Pombal (não a rotunda externa) e as vias centrais da Avenida da Liberdade (excepto as laterais), os Restauradores e o Rossio, a malha pombalina da Baixa (entre a Rua da Prata e a Rua Nova do Almada) e estende-se até ao rio, abrangendo a Ribeira das Naus, o Campo das Cebolas e a Praça do Comércio, não chegando ao Cais do Sodré;
A Zona Amarela inclui uma área mais alargada em torno do Parque Eduardo VII, cujo perímetro abrange a Rua de Campolide, Avenida Calouste Gulbenkian e Praça de Espanha, Avenida de Berna e Avenida da República. Em Arroios, estende- se até à Estefânia, Martim Moniz, Mouraria, Largo da Graça e Santa Apolónia.
Transportes públicos condicionados
Também os transportes públicos estão a sofrer alterações nos seus percursos, assim como estão encerradas estações de Metro e de comboio. Nos dias 1, 3 e 4 de Agosto, não é possível frequentar as estações do Metro ‘Marquês de Pombal’, ‘Avenida’, ‘Parque’ e, já fora da freguesia, ‘Restauradores’, visto que estão encerradas. As composições das linhas Amarela e Azul passam por estas estações sem parar.
De 1 a 6 de Agosto, o terminal rodoviário da Carris Metropolitana será deslocalizada do Marquês de Pombal para a Rua Marquês Sá da Bandeira, ao lado da Fundação Calouste Gulbenkian o que afectará as seguintes carreiras: 1704, 1716, 1723, 1724, 1725, 1726, 1728, 1730, 1729, 1733, 3709 e 3715;
Também os percursos dos autocarros da Carris que “servem as zonas delimitadas pelos perímetros de segurança do evento e as que circulam em zonas de arruamentos muito estreitos, com elevado risco de segurança, devido ao maior fluxo de pessoas nas ruas da cidade, serão suprimidos ou alterados”.
COMERCIANTES SATISFEITOS
Para os comerciantes das imediações do Parque Eduardo VII as restrições à circulação rodoviária é a maior das preocupações, principalmente quanto aos horários de cargas e descargas. Contactar fornecedores para se adaptarem aos condicionalismos, improvisar ementas e aumentar espaços de esplanadas são algumas alternativas que encaram para se manterem em funcionamento durante a primeira semana de Agosto. De resto, reina algum optimismo devido ao crescimento potencial de receita que os peregrinos podem gerar. Rita Glória, proprietária de um restaurante, disse à agência Lusa, estar a fazer alterações no estabelecimento e na ementa para ir ao encontro das necessidades e do gosto dos peregrinos que veem a Lisboa participar no evento católico. “Estamos a preparar mais lugares de esplanada, a preparar os brunches mais internacionais e pratos mais fáceis e mais rápidos de confeccionar”, afirmou. A oferta de menus vegetarianos é outras das alterações no negócio de Rita comida vegetariana: “há muitos grupos que veem que são vegetarianos”. A comerciante não teme a “invasão” de jovens, pois “já está acostumada à confusão”. Para esta empresária, ainda bem que há clientela: “espero que andem muito a pé, que passeiem e que, ao passar, venham almoçar ou, ao final do dia, beber um copo”, salientou. Também no Bairro Azul, Maria Antónia Moura, proprietária de um salão de chá, disse à Lusa que não prevê fazer alterações ao seu negócio. Apenas, vai reforçar o stock de águas: “já sei que será água, água, água, mas não vou alterar em nada o que eu tenho, na minha dimensão e na minha oferta”, afirmou. Para muitos comerciantes, a vinda de peregrinos pode ser a grande “lufada de ar” aos estrangulamentos que sofreram durante a pandemia e dos quais ainda não recuperaram totalmente.
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