Polémica: ainda os galináceos da Quinta da Alagoa

Polémica: ainda os galináceos da Quinta da Alagoa

28 de Abril de 2023 0 Por redacção

A propósito da crónica de José Martins Gago publicada na edição de Março, na rubrica ‘Memória Futura’ sob o título ‘Parque Quinta da Alagoa: viva a Liberdade’, sobre a existência de galináceos nos espaços públicos, um grupo de moradores enviou o texto em resposta, expondo a sua posição.



● “Em resposta à rúbrica ´Memória futura’ constante na edição de março de 2023, página 6, e assinada pelo Dr. José Martins Gago, cujo direito a expressar a sua opinião — liberdade transversal a todos nós — reconhecemos, defendemos que esta, ao ser publicada na imprensa, deveria ser mais fundamentada, e não basear-se numa mera observação, resultante de uma única visita.
Desta forma, pretendemos clarificar o impacto da presença de um número crescente de galináceos na qualidade de vida dos moradores do bairro adjacente ao Parque da Quinta da Alagoa. Uma qualidade de vida que tem vindo a degradar-se ao longo dos anos e da qual a maioria dos moradores não quer abrir mão.

Os factos
Assim, importa fazer uma breve descrição dos factos. Há cerca de uma década verificou-se a existência dos primeiros galos e galinhas na Quinta da Alagoa. Pelo que se tem conhecimento, não foram aí colocados pela Câmara Municipal de Cascais, única entidade competente para o fazer. Apesar de serem alimentados pelos tratadores, durante o confinamento, devido ao parque estar fechado e à menor circulação de pessoas e carros nas ruas, os animais começaram naturalmente a explorar os arredores e, consequentemente, a reproduzir-se no exterior. Pouco depois, começaram a ser ilegalmente alimentados na rua por transeuntes e alguns moradores. E, como seria de esperar, a situação tem vindo a piorar, pois não existe nenhum tipo de controlo da natalidade.
Portanto, a uma situação que já era incómoda, pois o cantar dos galos (neste momento dezenas) interfere com a qualidade do sono das pessoas, aliou-se a degradação do jardim do Orçamento Participativo de 2011, na Rua Aníbal Firmino da Silva, com plantas partidas e arrancadas e a relva e a gravilha revolvidas, e sobretudo com restos de comida e dejetos pelos caminhos, o que atrai outros animais como pombos e ratos, o que já se torna um problema de saúde pública. É ainda de mencionar o perigo da livre circulação dos animais pela estrada, que se põem a si próprios em risco de vida e ferimentos, tendo alguns já sido vítimas de atropelamento, para perturbação dos condutores.
Perante esta situação, cada vez mais moradores têm manifestado o seu desagrado junto das entidades públicas competentes, que encaminham invariavelmente a resolução para o Centro de Recolha Oficial de Animais da Câmara Municipal de Cascais.
Após anos de queixas, os moradores tiveram por fim a oportunidade de se reunir no local com a veterinária municipal, com a presença da polícia municipal, no dia 1 de junho de 2022.
Apesar de a CMC ter comunicado um Plano de Intervenção “para restabelecer a biodiversidade e bem-estar em termos de flora e fauna dos Parques Municipais de Cascais”, não se verificaram efeitos práticos e, no dia 5 de agosto, foi entregue na CMC um abaixo-assinado a solicitar o controlo da população de galos e galinhas, que recolheu as assinaturas de 112 moradores. Até agora, à exceção de recolhas pontuais, nada mais foi feito.

As questões
Após esta exposição, questiona-se as afirmações proferidas pelo autor da crónica, nomeadamente:
— Qual a entidade que atestou que os animais passam fome e são obrigados a procurar comida fora do parque?
— Foi confirmado junto da CMC que os animais do parque não são alimentados devidamente e quais são as espécies e a quantidade de exemplares constantes do plano do parque?
— Foi considerada a hipótese de os animais procurarem alimento fora do parque porque cidadãos, infringindo a lei vigente, insistem em alimentá-los, desviando-os assim dos devidos locais de alimentação?

Finalmente, a Liberdade
Passando por fim ao conceito de liberdade, que é de facto “demasiado amplo, que poderá e deverá ser distribuído por todos”, e relembrando a palavras do filósofo inglês Flerbert Spencer de que “a liberdade de uns termina onde começa a liberdade de outros”, esclarecemos que a maioria dos moradores da Quinta da Alagoa aprecia a presença de animais no parque, mas pretende que se recupere o equilíbrio que existia há cerca de uma década, quando as pessoas eram livres de dormir uma noite de sono completa e de ver a área circundante às suas habitações limpa e cuidada e em que os animais viviam livres, mas com condições dignas; em suma: com qualidade de vida para todos”.


Este artigo vale:

Choose an amount

€0,50
€0,80
€1,00

Agradecemos o seu contributo para uma imprensa local autónoma, independente e livre.

Donativo