Avenida Álvaro Pais (c. 1330 – d. 1390)

Avenida Álvaro Pais (c. 1330 – d. 1390)

11 de Dezembro de 2022 0 Por redacção

Álvaro Pais foi obreiro da Independência de Portugal. Chanceler de D Fernando, político e guerreiro, foi o inspirador do Mestre de Avis.

A Avenida Álvaro Pais, uma das principais artérias da freguesia que liga a Av. das Forças Armadas e a Av. Cinco de Outubro, é marcada pela estação da CP e um edifício branco de linhas curvas, durante muito tempo conhecido por “Edifício Marconi” e que foi sucessiva[1]mente da Portugal Telecom e Caixa Geral de Depósitos. O emblemático edifício, concebido pelo arquitecto Raúl Martins, é hoje sede de uma empresa de “contact centers”. Na frente, existe uma escultura em bronze de Espiga Pinto, “Mapa da memória inicial” de seu tema no qual se denota a influência do magistério de Almada Negreiros.

Homem honrado

Volvendo a Álvaro Pais, em grafia antiga Álvaro Paes (c. 1330 – d. 1390), foi um oficial régio do século XIV. Vassalo e chanceler-mor de D. Fernando I de Portugal, foi o grande instigador do Mestre de Avis em Lisboa. Segundo refere Fernão Lopes, era “homem honrado de boa fazenda”, a quem D. Fernando I, em paga dos seus bons serviços, dera “honra e acrescentamento”. Não era um plebeu ou burguês, como ainda hoje afirmam alguns, mas pertencia à pequena nobreza cidadã de Lisboa. Morou na torre que tinha o seu nome, junto à Muralha Fernandina, no extremo ocidental da cidade de Lisboa. Outro aspecto ainda não totalmente esclarecido: também terá sido Chanceler Mor de D. Pedro I.

A ascensão do Mestre de Avis desempenhou um papel decisivo na Crise de 1383-1385, contribuindo para a aclamação do Mestre de Avis enquanto Rei de Portugal. No séc. XIV, o rei D. Fernando entrou em conflito com Castela, tendo a paz sido conseguida, casando sua filha, D. Beatriz, com o rei de Castela.

Na sequência do falecimento de D. Fernando, D. Leonor Teles, a Aleivosa (“desleal”) assume a regência. Aconteceu que o principal conselheiro e também seu amante, era um fidalgo galego, 2.º Conde de Ourém, João Fernandes Andeiro, o que provocou grande descontentamento popular. Para impedir a perda de independência que se adivinhava, Álvaro Pais planeia uma conspiração para matar o Conde Andeiro e para tal pede a participação do Mestre de Aviz. É célebre o seu conselho: “desse o que não era seu, prometesse o que não tinha e perdoasse a quem lhe errava, que assim iria bem…”. Após a morte do conde, D. Leonor Teles pede ajuda aos reis de Castela. Na “Crónica de El-Rei D. João”, Fernão Lopes conta: “O pajem do Mestre, que estava à porta, a quando lhe disseram que fosse pela vila, segundo já estava preparado, começou a ir rijamente a galope, em cima do cavalo em que estava, dizendo a altas vozes, bradando pela rua: Matam o Mestre! Matam o Mestre nos paços da rainha! Acudi ao Mestre que o matam!? E assim chegou a casa de Álvaro Pais, que era dali grande espaço. As gentes que isto ouviam saíam à rua a ver que cousa era. E, começando a falar uns com os outros, alvoroçava-se-lhes o coração, e começavam a tomar armas cada um como melhor e mais depressa podia. Álvaro Pais, que estava prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo uso daquele tempo, cavalgou logo à pressa em cima de um cavalo, apesar de que anos havia que não cavalgara, e todos os seus aliados com ele, dizendo em brados a quaisquer que achava:? Acudamos ao Mestre, amigos, acudamos ao Mestre, que é filho de el-rei D. Pedro!? E assim bradavam ele e o pajem indo pela rua.”.

A população estava dividida: de um lado, o povo e a burguesia, apoiando o Mestre de Avis; do outro lado, a nobreza e o clero, receando perder os seus privilégios não apoia, em virtude de o pretendente ao trono ser filho ilegítimo de D. Pedro. Temendo a invasão, o povo de Lisboa reconhece o Mestre como Regedor e Defensor do Reino e a burguesia apoia-o financeiramente de modo a suportar as despesas de guerra.

Padrasto de João das Regras

Álvaro Pais casou primeira vez com Leonor Geraldes (ou Giraldes), de quem teve Diogo Álvares Pais. Depois, contrai matrimónio com Sentil ou Gentil Esteves, falecida em Lisboa em 1390, mãe de João Afonso (João das Regras) que se salientou em defesa dos direitos ao trono de D. João, Mestre de Avis. Foi por indicação do seu padrasto que João das Regras foi nomeado Chanceler, em sua substituição.

Fernão Lopes afirma que Álvaro Pais foi sepultado no Campo de São Domingos, com letreiro e suas armas: um lebréu de orelhas cortadas, com coleira (desconhecem-se as cores e metais).

Homenagem de Lisboa

Álvaro Pais entrou na toponímia de Lisboa através de um parecer favorável da Comissão Consultiva Municipal de Toponímia, na sua reunião de 11 de Setembro de 1962, a um despacho do Presidente da Câmara “sobre a atribuição do nome de Álvaro Pais a um arruamento de relativa importância, por forma a permitir a erecção de uma estátua que vai ser encomendada”, sugerindo “o arruamento em construção, compreendido entre as Avenidas Vinte e Oito de Maio [hoje, Avenida das Forças Armadas] e Cinco de Outubro”. O político e guerreiro foi perpetuado com a legenda “Chanceler – Mor/Séculos XIV e XV”.

Também existe uma estátua em bronze na Alameda da Universidade, junto à Faculdade de Direito, do escultor Joaquim Martins Correia, inaugurada a 25 de Outubro de 1981.f

REDACÇÃO

FONTES

http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/291334.html. http://www.citi.pt/cultura/historia/historiadores/fernao_lopes/crise.Htm


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