Desde o início do conflito na Ucrânia, várias entidades da freguesia mobilizaram-se no apoio aos refugiados daquele país que procuram escapar à guerra, essencialmente mulheres, crianças e idosos.
● Uma das primeiras instituições foi a Junta de Freguesia (JFAN), que apelou à recolha de bens e foi, desde 2 de Março, o centro de depósito do material entregue e destinado a refugiados do conflito na Ucrânia já em Portugal ou que venham a chegar ao nosso País. Os bens mais solicitados foram águas, vestuário, produtos de higiene e produtos de saúde (estojos de primeiros socorros e vários tipos de medicamentos). Segundo a JFAN, mereceu destaque a doação de peluches e doudous, “que seguiu para um Centro de Acolhimento de Refugiados da freguesia”. Até 16 de Março, o total desse material recolhido ascendia a duas toneladas.
Paróquias mobilizam-se
As paróquias de Nossa Senhora de Fátima (PNSF) e de S. Sebastião da Pedreira (PSSP) também se envolveram no apoio solidário. Segundo o padre Luís Alberto Carvalho, da PNSF, até 11 de Março, a sua paróquia recolheu, “em articulação com a Cáritas Portuguesa, que está em articulação com a Cáritas Polaca e a Cáritas Ucraniana”, produtos farmacêuticos, artigos para bebés, alguns bens alimentares e roupas, bens destinados aos países fronteiriços da Ucrânia. A paróquia está a fazer o levantamento das famílias que possam acolher refugiados. A igreja prevê utilizar a cave do centro paroquial para acolhimento temporário de refugiados. Já o padre Faustino, da PSSP, revelou que a paróquia doou mais de dois mil euros do seu Fundo Social para apoio a estes refugiados. “Um donativo encaminhado para a Cáritas Diocesana Nacional, que o encaminha para a Cáritas polaca”, refere, acrescentando ainda o caso de um paroquiano que, por sua iniciativa, reuniu cinco carrinhas e alguns amigos para transportar medicamentos e outros bens para a Polónia. “No regresso, ele pensa trazer alguns refugiados”, afirma. Até à mesma data, a Mesquita de Lisboa também tinha colaborado como centro de recolha de bens.
Escolas envolvem-se
No plano escolar, a Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho (ESMAVC), reuniu produtos de higiene pessoal, artigos para bebés, medicamentos, cobertores, gorros, chapéus, sacos cama e mochilas destinados aos países vizinhos da Ucrânia. Segundo José Orlando, vice-director da escola, a ESMAVC “está disponível para integrar alunos ucranianos refugiados” nas aulas. Por seu lado, o Agrupamento de Escolas Marquesa de Alorna, que reúne a Escola Básica 2,3 com o mesmo nome, a EB1/JI Mestre Arnaldo Louro de Almeida, a EB1 S. Sebastião da Pedreira (encerrada) e a EB1/JI Mestre Querubim Lapa (já em Campolide), contribuiu “com os bens que foram solicitados e, ainda, outros que continuam a ser entregues na Mesquita de Lisboa entre outros locais”, esclarece Helena Nunes, vice-directora da escola. Segundo esta responsável, “toda a comunidade educativa está mobilizada”, tendo sido realizadas sessões “em várias turmas sobre o possível efeito da guerra nos alunos, sob a orientação de um professor e psicólogo” e são aguardadas orientações do Ministério da Educação sobre a inclusão de alunos refugiados nestas escolas.Apoio alimentar Dois núcleos da Refood da freguesia também estão prontos para prestar apoio. O núcleo de S. Sebastião da Pedreira, angariou “duas paletes de bens, uma com barras energéticas e outra com produtos gerais, que foram enviadas para a fronteira da Ucrânia”, segundo Marta Pereira, responsável pelo núcleo. O núcleo de Nossa Senhora de Fátima, pelo seu lado, até 11 de Março, ainda não fora contactado “pela Segurança Social”, afirma Alexandra Carvalho, responsável por este núcleo da Refood que, embora não esteja a ajudar directamente, conta entre os seus beneficiários com quatro famílias ucranianas, “que possivelmente receberão familiares e nesse caso podem vir a precisar do nosso apoio”.
Gulbenkian e Aga Khan
Quem está na expectativa, são duas importantes instituições da freguesia: a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Aga Khan. A primeira, “concedeu, um apoio de emergência de um milhão de euros para apoio aos refugiados da Ucrânia, quer para ajudar à sua integração nos países fronteiriços com a Ucrânia, quer para apoiar associações ucranianas em Portugal”; enquanto a segunda não está envolvida nem tem prevista nenhuma iniciativa concreta neste contexto, mas não exclui o seu envolvimento se for solicitada.f JORGE ALVES